Desenhar é, para muitas crianças, uma das primeiras formas de explorar o mundo. Quando essa atividade é direcionada à observação da natureza, ela se torna mais do que uma expressão artística: transforma-se em ponte entre a infância e a vida selvagem. Segundo Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, autora do livro Bichos Vermelhos e entendedora do assunto, incentivar o desenho de animais e ambientes naturais é uma maneira lúdica e eficaz de despertar nas crianças o interesse e o cuidado pela fauna brasileira.
O traço infantil, ainda que simples, carrega curiosidade, afeto e percepção. Ao representar visualmente os bichos, suas cores, formas e comportamentos, a criança os compreende com mais profundidade — e, mais importante, começa a se sentir parte de um ecossistema maior.
O desenho como observação ativa da vida
Desenhar um animal exige mais do que habilidade técnica. Exige atenção ao detalhe, percepção de movimento e sensibilidade para notar aquilo que muitas vezes passa despercebido. Quando uma criança se propõe a retratar uma arara, uma onça ou um tamanduá, ela investiga. Pergunta onde vive, o que come, se está ameaçado. E é nesse processo de observação que nasce a conexão.

De acordo com Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, ao ilustrar espécies da fauna nacional, a criança passa a enxergá-las não apenas como personagens distantes, mas como seres reais, com importância e necessidade de proteção.
Aproximando o afeto da informação
O desenho infantil tem um poder único: traduz em imagem aquilo que a criança sente. Ao desenhar um animal ameaçado, por exemplo, ela pode não saber todos os dados sobre extinção, mas percebe que há algo de errado — e se importa. Esse vínculo emocional, construído com papel, lápis e imaginação, é um dos maiores trunfos da educação ambiental.
Segundo Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, iniciativas pedagógicas que usam o desenho para trabalhar temas ecológicos têm um alcance significativo. A criança guarda na memória o animal que desenhou, se identifica com sua história e passa a defender sua existência com naturalidade.
Literatura e ilustração: uma parceria que forma consciência
Obras como Bichos Vermelhos são excelentes exemplos de como a combinação entre texto e imagem pode potencializar a educação ambiental. O livro, que apresenta animais em risco de extinção com uma linguagem sensível e ilustrações marcantes, estimula os leitores a também criarem suas próprias representações visuais das espécies.
De acordo com Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, essa interação entre literatura e ilustração convida as crianças a irem além da leitura. Elas transformam o conteúdo em desenho, o desenho em sentimento e o sentimento em cuidado.
Projetos escolares que valorizam a expressão visual
Em escolas comprometidas com a educação ambiental, como o Centro Educacional Irmã Maria Antônia Rosa, oficinas de ilustração da fauna são ferramentas frequentes. A proposta é simples: após estudar sobre um animal, cada criança o representa à sua maneira, seja com lápis de cor, tinta, colagem ou até técnicas digitais.
Essas atividades, além de reforçarem o conteúdo, permitem que os estudantes desenvolvam criatividade, empatia e senso de responsabilidade. Quando expostos em murais ou feiras escolares, os desenhos ainda se tornam meios de comunicação com a comunidade, inspirando outras pessoas a também cuidarem do meio ambiente.
Conclusão: traçando caminhos para o cuidado
Ilustrar a natureza é uma maneira bela e eficaz de educar. Por meio do desenho, as crianças conhecem, se encantam e se conectam com a fauna brasileira, desenvolvendo não só o olhar artístico, mas também a consciência ambiental.
Com seu trabalho em Bichos Vermelhos e sua visão sobre educação sensível, Lina Rosa Gomes Vieira da Silva nos mostra que desenhar é, muitas vezes, o primeiro passo para proteger. Porque quando a criança põe no papel o que ama, ela já começa a defender — com traços, com palavras, com atitudes.
Autor: Asimov Tchekhov