Ilhabela, localizada no Litoral Norte de São Paulo, está prestes a receber a primeira usina de dessalinização do estado, destinada ao consumo humano. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) publicou o edital para a construção da usina, que será instalada às margens do Ribeirão Água Branca. Este projeto visa melhorar o abastecimento de água potável para a população local.
A usina utilizará a tecnologia de osmose reversa, um processo que aplica alta pressão à água do mar, fazendo-a passar por uma membrana que retém as partículas de sal. Essa tecnologia já é utilizada em outras regiões do Brasil, como Fernando de Noronha (PE) e, em breve, Fortaleza (CE). Em Vitória (ES), uma siderúrgica já utiliza esse sistema para fins industriais desde 2021.
Renato Giani Ramos, coordenador da Câmara Técnica Nacional de Dessalinização e Reuso de Água, destaca a importância de um planejamento adequado para a construção da usina. Ele alerta para a necessidade de escolher um local que não seja berçário de fauna marinha e de garantir que a devolução do material salino ao mar seja feita de maneira a não prejudicar o ecossistema.
A dessalinização, segundo Ramos, também traz vantagens em termos de consumo energético. A tecnologia atual permite um uso mais eficiente da energia elétrica, tornando o processo mais viável economicamente. Ele enfatiza que a dessalinização pode ser uma solução complementar, utilizada em momentos de escassez de recursos hídricos.
José Carlos Mierzwa, professor da Escola Politécnica da USP, reforça que a dessalinização oferece segurança no abastecimento de água, especialmente em locais com limitações para captação e armazenagem de água de chuva. Ele acredita que, se bem conduzido, o projeto trará mais benefícios do que riscos, destacando a importância do licenciamento ambiental.
O prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci, afirma que a usina ajudará a resolver a falta de água na cidade, especialmente durante a alta temporada turística. A produção diária de 2,5 milhões de litros de água dessalinizada será misturada à água captada de córregos e rios, garantindo um fornecimento mais estável.
A empresa vencedora da licitação também será responsável por construir um centro de educação ambiental, equipado com painéis fotovoltaicos e um auditório. Este centro terá uma área total de 280 metros quadrados e altura máxima de 8 metros, contribuindo para a conscientização ambiental da população.
A previsão é que a usina esteja em operação até 2026, beneficiando cerca de 8 mil moradores das áreas mais remotas de Ilhabela. A iniciativa promete não apenas melhorar o abastecimento de água, mas também promover a sustentabilidade e a educação ambiental na região.
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Com a construção da usina de dessalinização, Ilhabela dá um passo importante para garantir a segurança hídrica de sua população, ao mesmo tempo em que adota práticas sustentáveis e inovadoras. A expectativa é que o projeto sirva de modelo para outras regiões do Brasil enfrentarem desafios semelhantes.
