A recente política de tarifação adotada pelos Estados Unidos começa a lançar sombras sobre a economia do litoral paulista. São Sebastião e Ilhabela, municípios tradicionalmente conhecidos por suas belezas naturais e turismo, também se destacam como importantes polos exportadores. Somente no primeiro semestre de 2025, essas duas cidades juntas exportaram cerca de 361 milhões de dólares para o mercado norte-americano, segundo dados oficiais do governo brasileiro. A nova tarifação de Trump, no entanto, pode comprometer fortemente esse desempenho comercial.
A tarifação de Trump impõe novas barreiras a produtos brasileiros, inclusive os que têm origem em municípios como São Sebastião e Ilhabela. As duas cidades têm uma base econômica parcialmente voltada à exportação de derivados de petróleo, produtos químicos e outros itens industriais. Com a nova política comercial do governo norte-americano, empresas instaladas na região temem uma perda de competitividade no maior mercado consumidor do mundo, o que pode afetar desde o volume exportado até a geração de empregos locais.
A tarifação de Trump não é apenas um gesto simbólico de endurecimento comercial. Ela representa um impacto real sobre cadeias produtivas regionais, que já vinham enfrentando oscilações cambiais e aumento nos custos de produção. Empresas situadas em São Sebastião e Ilhabela avaliam alternativas para manter suas operações viáveis, incluindo a busca por novos mercados, como países asiáticos e europeus, menos suscetíveis a esse tipo de taxação agressiva.
Nos portos da região, sobretudo o terminal de São Sebastião, operadores logísticos já registram preocupação com os possíveis efeitos da tarifação de Trump. A redução na demanda por parte de importadores norte-americanos pode gerar queda na movimentação de cargas, afetando também serviços de transporte marítimo, armazenagem e mão de obra indireta. A dependência de mercados externos expõe os riscos de oscilações políticas internacionais sobre economias municipais.
Em Ilhabela, onde a economia é mais voltada ao turismo e menos à indústria, os reflexos da tarifação de Trump ainda são menos visíveis, mas podem surgir de forma indireta. Muitos empregos locais estão conectados a empresas que operam no eixo São Sebastião–Ilhabela, inclusive prestadoras de serviços de apoio marítimo. Se as exportações forem reduzidas, há risco de retração econômica em cadeia, afetando até mesmo o consumo interno e a arrecadação municipal.
O governo brasileiro já se manifestou contra a tarifação de Trump, classificando a medida como prejudicial à relação histórica entre os dois países. Entidades empresariais e representantes da indústria química e petroquímica, principais setores impactados, articulam pressões diplomáticas e judiciais para reverter a imposição. O risco de perda de mercados preocupa não apenas multinacionais, mas também pequenas e médias empresas que dependem da estabilidade comercial com os Estados Unidos.
Especialistas apontam que, embora São Sebastião e Ilhabela não sejam vistas tradicionalmente como centros industriais, sua contribuição à balança comercial é relevante e deve ser protegida. A tarifação de Trump, se mantida por longo prazo, pode comprometer investimentos futuros na região, desestimulando a expansão de atividades econômicas ligadas à exportação. A insegurança jurídica e a imprevisibilidade fiscal no exterior são fatores de alto risco para investidores.
A tarifação de Trump inaugura um novo período de incertezas para São Sebastião e Ilhabela, que terão que adaptar suas estratégias econômicas diante do cenário global mais protecionista. A resposta local exigirá articulação entre poder público, iniciativa privada e representantes diplomáticos para evitar retrocessos. O desafio, agora, é garantir que a relevância comercial do litoral paulista continue crescendo, mesmo diante das barreiras impostas por decisões unilaterais de grandes potências.
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Autor: Asimov Tchekhov